O Segredo de Luiza - Parte 2 - Conto

Leia a primeira parte deste conto: O Segredo de Luiza - Parte 1

O Encontro

Após o abraço, meu rosto ficou super vermelho e não consegui disfarçar minha timidez. Como um homem maduro e experiente, ele olhou para a televisão que noticiava o acidente aéreo ocorrido no sábado, na Sibéria, no qual havia deixado mais de 120 mortos. Me perguntou se eu achava que poderia seria um atentado terrorista. O papo foi se aprofundando e aos poucos me acalmei e comecei a notar o quanto eu estava me sentindo bem contemplando aquele sorriso lindo. O cheiro do seu perfume entrou pelo meu nariz e de minuto a minuto arrepiava minhas pernas que estavam à mostra com meu vestido. Pedimos uma lasanha e logo me soltei:

- Você está no ramo de Representação Comercial há muito tempo?
- Sim, há cerca de 7 anos, comecei aos 24 anos. Não era o que pretendia fazer, mas está dando para dar um galho. Depois que entra, é difícil sair desse ramo, o importante é viver bem. - Descobri que ele estava com 31 anos.
- E qual era a área que deseja atuar?
- Meu desejo era ser pediatra - respondeu com um o mais belo sorriso que já vi em minha vida

Bom, minha coragem me fez descobrir que o homem além de lindo, educado, inteligente, simpático tem o desejo de ser pediatra. Por alguns segundos, minha mente projetou ele de jaleco atendendo várias criancinhas, fiquei ainda mais admirada por ele. Após comermos, passou alguns minutos e pedi licença para ir ao banheiro. Conforme havíamos combinado, a Bia e Julia não paravam de nos monitorar um minuto e assim que me viram levantar, levantaram-se também e pude vê-las andando lentamente a cerca de 5 metros atrás de mim no corredor da entrada dos banheiros. 

- Ele é lindo, amiga, você teve sorte. Se você não quiser, eu quero! - Exclamou Bia assim que me viu na frente do espelho. 
- Gostou dele, Luiza? - perguntou Júlia
- Estamos indo bem, ele é tudo que imaginei. Está sendo super simpático, inteligente e tem um perfume enlouquecedor. Ah, tem 31 anos e disse que quer fazer medicina para atuar em pediatria. 
- Que legal, ele é mesmo perfeito para você. Lembre-se de não dar muita bola para ele não pensar que está completamente apaixonada, mas se ele te beijar, responda com um beijo suave e ao mesmo tempo provocativo - explicou Bia.

Retornei à mesa e começamos a conversar sobre minha faculdade e meu ritmo de estudos para a prova da OAB. Ele disse que poderia me ajudar, era só eu pedir. Após cerca de vinte minutos, decidimos ir até ao estacionamento. Já estávamos conversando há pouco mais de uma hora. Como o shopping não é um lugar ideal para um primeiro encontro, sendo que ele tinha que ir trabalhar e eu estudar, decidimos que já era de irmos embora. Pagamos o ticket do estacionamento.

- O seu está em qual andar, Luiza?
- No terceiro, e o seu?
- No segundo - com aquele sorriso lindo!

Subimos as escadas rolantes até o terceiro andar do estacionamento. Caminhamos até o meu carro, peguei as chaves dentro da bolsa e quando olhei para ele, vi uma de suas mãos passando em meus cabelos, gelei! Sem reação, esbocei um sorriso. Nos abraçamos e ele distanciou o rosto e seus olhos fitaram os meus, em seguida vi a boca dele se aproximando rapidamente da minha. Pronto! Estávamos nos beijando. Lembrei do que a Julia tinha dito, mas minha primeira reação foi soltar a minha bolsa, ela fez um pequeno barulho ao cair no chão, ele parou e olhou, mas logo em seguida minhas mãos estavam em volta da sua cabeça acariciando seus cabelos e de braços apertos para sentir ainda mais aquele beijo tão gostoso. Senti meu coração batendo como há muitos meses não havia batido. O momento era único! Nossas línguas se encostando, as mãos dele passando em minhas costas e me dando uma sensação de segurança e firmeza que só um homem de verdade poderia me dar. Nos despedimos, entrei no carro. Liguei para as meninas, elas já estavam na entrada do andar. Ao voltar para casa, conversamos sobre o beijo e das características que eram compatíveis com as minhas. Estudamos um pouco e elas foram embora.
****

Acordei com a notificação de SMS às 06:30 da manhã. Levantei cheia de sono, minha cabeça parecia que ia explodir, sinalizando que eu precisa dormir muito mais cedo. Era o Otávio:

"Bom dia, Luiza! Adorei cada segundo ao seu lado. Seu sorriso está em meus pensamentos. Vou a uma festa sexta-feira naquela boate que te disse. Quer ir?"

Boates não me traziam boas lembranças. No final de 2005, eu estava namorando e ele teve que acompanhar os pais em uma viagem em pleno feriadão. Bia e Julia me chamaram para ir à boate que acabara de inaugurar. Eu fui. Elas me ofereceram bebida e quando dei por mim, estávamos soltas e com três homens ao nosso lado, eram bonitos. Bia e Julia estavam se insinuando e quando dei por mim, acordamos na casa de um deles, na hora eu não consegui discernir muito bem o que era certo e o errado, os caras eram lindos. Sei que transamos a noite toda e trocamos de parceiros várias vezes. Acordamos juntos e a vergonha era tão imensa que decidimos manter isso em segredo e nunca mais falar sobre isso. Me senti uma puta que transa com qualquer um. Fiquei tão estranha que o namoro acabou semanas depois, não conseguia mais encarar o rapaz como meu namorado depois do que fiz. 

Agora seria diferente, eu ia entrar acompanhada e não beberia muito. Se eu não fosse, ele poderia encontrar alguma menina interessante por lá, pensei. Respondi que sim, voltei a dormir.


****

A sexta-feira do dia 14 de julho amanheceu tão linda, um sol bateu na janela do quarto às seis da manhã. Minha aula naquele dia era às oito. Na faculdade, encontrei com Bia e Julia. Combinamos a roupa e decidimos que elas três estariam por perto. Era aniversário de uma amiga do curso de inglês da Julia e seria comemorado na boate. Bia ficou de me emprestar um vestido dela que eu acho lindo. Era preto, com umas amarras no peito e um caimento perfeito. Ressalta o bumbum e deixa minhas pernas à mostra, era um pouco curto, mas não tanto. 

Otávio estava me esperando na porta da boate, às 22:30. As meninas já estavam lá dentro. Estacionei, peguei minha bolsa. Ele estava com uma camisa social branca, uma calça jeans e assim que me viu, sorriu. Nos abraçamos e senti novamente aquele beijo tão gostoso. Entramos na fila e começamos a conversar sobre a vida noturna da cidade. A boate já estava com bastante gente e estava tocando um pagode legalzinho. Pedi Ice, era o mais fraco, eu ia dirigir depois. Ele também pediu o mesmo. Começamos a conversar sobre as alterações do álcool no organismo e como os acidentes de carro acontecem. Rimos, dançamos, beijamos bastante e apresentei a Bia e a Julia a ele, sem dizer que elas estavam comigo no shopping.

Cheguei em casa às 4 horas da manhã. Estava exausta, meus pés doíam. Bia já tinha vomitado umas duas vezes e Julia e eu tivemos que ajudá-la a andar. Ela desabou na minha cama. Tirei o vestido, peguei uma blusa para mim e Julia, puxamos um colchão embaixo da cama, estendemos os lençóis e deitamos. Antes de dormir, fiquei pensando na viagem que o Otávio ia fazer naquele sábado de manhã para a Colômbia e o acidente de avião na Sibéria, estava preocupada.


Leia a continuação: O Segredo de Luiza - Parte 3

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