Retornando Para um Antigo Amor - Final - Conto

Tocaram várias canções natalinas e a atmosfera criada pelo espírito natalino foi tão agradável que uma hora se passaram de forma tão rápida que Gabriela anunciou o final da aula sob o protesto dos alunos. Se Jean não tivesse ali, com certeza eles ficaram tocando por mais uma hora, mas agora ela estava ansiosa e sem saber o que fazer naquele momento. Pouco a pouco foram recolhendo seus instrumentos e guardando nas caixas que estavam na frente do grande quadro negro. Gabriela foi até Jean e logo ele foi dizendo:

- Não aguentava mais ficar sem ter notícias sobre você. Tu não saías dos meus pensamentos. Como estão as coisas?

- Nossa, eu também estava querendo notícias suas, porém nunca mais apareceu. Estou bem, mas se quer saber sobre o que aconteceu entre nós dois, fique tranquilo, não tenho ressentimentos e muito menos mágoas - respondeu Gabriela

- Eu estava confuso quanto ao meu futuro, não sabia se ficar aqui era o que queria para mim. Te chamei para ir comigo, mas você tinha sua família e precisávamos seguir nossas vidas sem o outro. E acho que podemos conversar sobre o que aconteceu, pois gosto de ti.

- Muitas coisas aconteceram, não podia ficar esperando por você pela eternidade. Esperar um rapaz que foi embora e nunca mais me procurou não era o mais sensato. Viver a vida é preciso. Aposto que nesse tempo viveu a sua, assim como vivi a minha.

- Olhei para os seus dedos, não está casada e nem noiva. Tem namorado? - perguntou segurando suas mãos e olhando dentro dos seus olhos

- Não estou namorando.

- Entenda, Gabriela. Após esses dois anos eu não deixei de pensar em você um dia, sempre que acordava ficava pensando no seu sorriso e o medo de estar com outra pessoa ou até mesmo de não querer me ver por muito tempo me impediram de te procurar. 

- Pensou mesmo em mim todos os dias? - perguntou envergonhada e com um leve sorriso

- Todos os dias. Você está em meu coração! - abraçando enquanto as lágrimas desciam pelos seus olhos

Ela também chorou, mas fez de tudo para ele não perceber. Gabriela fechou a porta e desceram as escadas. Apesar de tarde, o ar estava abafado devido o sol.

- Vamos à sorveteria? convidou Gabriela

- Sim! - respondeu Jean

Ao ver o Karmann Ghia, os momentos em que namoraram dentro dele, o carro chegando à porta do colégio para buscá-la e a deixando em casa de madrugada passaram em sua mente. Ela ficou admirada como ele estava intacto. 

- Que bom que não vendeu este carro! - disse Gabriela em tom de felicidade.

- Quer ver uma coisa? Abra o cinzeiro.

Gabriela espantada e ao mesmo tempo trêmula foi abrindo o cinzeiro e lá achou um pedaço de papel enrolado. Não podia acreditar no que estava vendo. Era a carta que escrevera para ele no último dia que estiveram juntos: "Meu coração pensará em ti todos os dias. Não se esqueça de mim e não esquecerei de você. Te amo!". Naquele momento, ela não conseguiu esconder as lágrimas que escorriam pelo seu rosto. Os mais intensos momentos começaram a ressurgir em seu coração e deram um beijo. Ela puxava seus cabelos enquanto ele a abraçava forte.

Na sorveteria, ela disse que tinha algo importante que ele precisava saber.

- Diga, Gabriela.

-  Jean, eu tenho um  filho de 9 meses. Quando você se foi, se passou um ano e comecei a namorar o João Gabriel. Tivemos um filho e terminamos. João não liga muito para o filho, foi morar no Canadá assim que Pedro completou um mês. Liga de vez enquando para perguntar se estamos se o nosso filho está bem, além de enviar sua pensão todo mês. Acho que foi errado termos nos beijado.

- Você tem um filho? E com João Gabriel? - exclamou Jean em tom espantado

- O que você queria que fizesse? Não consegui te esperar mais! Não planejamos ter filho, aconteceu sou muito feliz por ter o meu filho. Acho melhor ir embora. Foi errado não ter te contado antes de vir para cá. Não me procure mais, por favor. Não me faça sofrer novamente! - levantando da mesa sem ao menos terem feito o pedido do sorvete

- Não me importo se tem um filho, eu cuidarei dele. Meu amor por você continua o mesmo. O seu filho tornaria o meu filho - disse em tom alto para Gabriela enquanto ela atravessara a porta

Em respeito a ela, não foi atrás. Pediu o sorvete e aproveitou o momento para se recompor e pensar no que tinha acontecido. A lembrança do beijo o fez perceber que ainda existe amor por parte dela, mas talvez ela não queira mais. Chegou a conclusão que passaria na casa dela amanhã, mesmo que estivesse se mudado, saberia o endereço através da mãe dela.

A porta bate, e é possível ouvir o choro. A mãe a pergunta o que aconteceu. Gabriela passa direto, sobe as escadas e vai para o quarto ver o filho. Diante do berço, ela para de chorar. Pedro estava dormindo e a imagem dele estava linda. O último beijo, que foi há uma hora, também passou pela sua cabeça. Agora era o seu coração que buscava o seu amor. Secou as lágrimas. 

- Onde está Jean? Como pude deixá-lo ir novamente? - pensou

Apesar de ter alguns parentes morando na cidade, Jean era super reservado, gostava de ter o seu espaço. Chegou à conclusão que ele poderia estar no único hotel da cidade. Passou pela porta e foi andando até lá. Chegando à recepção, perguntou ao seu tio, que era o recepcionista, se o Jean tinha se hospedado.

- Sim, Gabriela. Pelo visto as coisas não terminaram bem entre vocês. Ele chegou há vinte minutos e estava arrasado. Contou-me o que aconteceu. Não guarde mágoas. Para ele ter vindo aqui te ver, é porque este rapaz ainda gosta de você.

Rapidamente pensou que podia ter terminado diferente. Ela não devia ter saído da sorveteria daquele jeito, de cabeça quente. Subiu as escadas até o quinto andar. Tocou a companhia. Jean estava assistindo televisão. Ao ouvir a companhia tocar, pensou que fosse o lanche, por isso foi logo abrindo a porta.

Seu coração disparou e sorriu ao vê-la ali na sua frente. Quando o amor está estampado no olhar e no sorriso, nenhuma palavra precisa ser dita.

E o beijo que selou o grande amor que a partir dali uniu os dois aconteceu...

FIM

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