O Anão da Record e a Ridicularização do Nanismo


Ultimamente é possível observar a presença de várias matérias e participações de um anão nos programas da Record. Marquinhos, funcionário da própria emissora, tem sua presença fundamental no "Balanço Geral SP" e já ganhou casa do Gugu, tornando-se disputado pelos responsáveis das atrações. O que podemos observar com a intensa exploração da imagem de alguém com uma doença considerada rara com o único objetivo de alavancar grandes resultados de audiência?



É facilmente perceptível as abordagens pejorativas das limitações e superações vicenciados por um anão em seu dia-a-dia. Não tenho a intenção de ser extremista quanto à imagem de uma pessoa com baixa estatura em programas de tv até mesmo porque o Marquinhos já ganhou a sua casa, teve seu casamento realizado, aprendeu a dirigir e teve um significativo aumento de salário - seu salário passou de 4 para 10 mil reais. Chamadas como: "Anão Apanha da Mulher e Trabalha Enfaixado", "O Anão Casou, Gente!", "Anão Paga Mico ao Aprender a Dirigir", se distanciam até mesmo nos conceitos circenses dos anos de 1980, onde o Rolando Garcia, filho do fundador do maior circo brasileiro e que chegou a ser o 4º do mundo, Circo Garcia, declarou que já naquela época fazia 22 anos que não utilizavam anões em suas apresentações. O que podemos concluir é que a televisão, em pleno ano de 2013, ainda está atrasada, e o pior, causando constrangimento a dezenas de pessoas com Nanismo, doença que impede o desenvolvimento da altura. 



Pensar nas limitações de quem tem essa condição, não esquecendo que se trata de uma doença grave e irreversível, nos faz refletir de quantos momentos preconceituosos marcam a vida de um anão, principalmente na sua infância e adolescência, sendo motivos de piadas e chacotas, fora as próprias limitações físicas que apenas servem para distanciá-los dos que possuem a estatura considerada "normal". Talvez para Marquinhos, estar sendo explorado pela mídia não traz nenhuma consequência ou abalo psicológico, ainda mais quando é gerado ótimos resultados financeiros, porém é necessário repensar nos resultados dessas caricaturas, levando a crer que ser anão é sinônimo de engraçado, divertido e feliz, arrancando risos e curiosidades, com um verdadeiro tom de bizarrice. 


 








Na verdade, o papel da televisão como grande potencial de alcance ao público geral, é o de humanizar casos raros de deficiência, não tratando individuos nessa condição como semelhantes aos integrantes de uma companhia circense em pleno século XIX (1801 a 1900), juntamente com a mulher barbada, homem elefante e mula de duas cabeças. Pode-se concluir que além da televisão, seu maior aliado são as pessoas desprovidas de discernimento, visão racional e humanista, estabelecendo assim como ignorante o perfil do público brasileiro. As maiores audiências da tv Record nas últimas semana foram marcadas com a presença do anão Marquinhos.






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