Las Vegas - Livro


Autor: Mario Puzo
Editora: Record
Páginas: 150
Publicação original: 1979
Gênero: Não ficção
 
Sinopse: No retrato mais provocante até hoje feito de uma cidade, Mario Puzo explora a atração irresistível de Las Vegas, a meca de incontáveis sonhadores procurando dar a "grande tocada". Puzo entende do assunto. Veterano das mesas de jogo desde a juventude e com fama de jogador inveterado, ele enche este livre com informações de como uma pequena aldeia no deserto se tornou uma das cidades mais emocionantes do mundo. Ele diverte os leitores com casos pessoais de personagens de Las Vegas, verdades e mitos dos cassinos, e opiniões independentes sobre a mola que faz Las Vegas funcionar. As pessoas continuam apostando em Las Vegas, jogando cartas e fazendo girar as roletas, e enfiando moedas nos caça-níqueis. O jogo é um negócio de muitos bilhões de dólares, regulamentado pelo governo, legal e essencialmente honesto. Este livro talvez não ensine você a ganhar, mas lhe dará uma visão fascinante e confidencial da beleza, do brilho, da vulgaridade e do patético de Las Vegas. 

Classificação: Bom (Ruim, Regular, Bom, Ótimo)

Resenha: Conhecido mundialmente por se autor da célebre obra literária "O Poderoso Chefão", que originou a homônima trilogia cinematográfica, Mario Puzo trás a sua narrativa peculiar sobre o mundo dos cassinos que compõem a lendária cidade de Las Vegas, de forma real, sem uma visão nefelibata, mas com o que de fato vivenciou como jogador, fazendo uma resiliência dos fatos negativos e vendo-os numa visão positiva. Assim, já na introdução é possível perceber o toque resiliente de Puzo:

"Então por que será que eu acredito que o jogo tenha aprimorado meu caráter, me tenha livrado da cadeia, me tenha ajudado a criar cinco filhos com prazer e até com um sucesso relativo? Bem, o jogo ajudou a preservar meu casamento durante 30 anos porque ocupou todo o tempo que me sobraria para andar com outras mulheres; meu sentimento de culpa evitou eu reclamasse por ter de sustentar mulher e filhos. O jogo me obrigou a escrever mais, porque fez com que eu me endividasse; e melhorou minha saúde porque me obrigou a aprender a jogar tênis nas cidades onde havia jogo, para ficar longe do cassinos."

Nas primeiras páginas contém uma explicação direta sobre o histórico de Las Vegas e dos costumes dos índios que viviam na região antes dela ser conquistada pelas colônias americanas "roubada" dos mexicanos. Também explica que Las Vegas significa Os Prados e que Nevada em espanhol significa Coberto de Neve. Uma passagem muito interessante é a analogia da característica atual de Las Vegas com o jogo e os costumes dos índios lá habitavam:

"Quando nós a roubamos dos mexicanos que haviam expulsado os espanhóis, Las Vegas era habitada principalmente por índios paiutes despidos, que dedicavam longas horas a arremessar ossos e varetas coloridas sobre a areia, oferecendo suas mulheres e cavalos como garantia das apostas. Seria possível que o clima especial e a própria terra tivessem alimentado no homem o instinto do jogo?"

Durante todo o livro Puzo transmite uma visão positivista do jogo na cidade, focando nas mudanças que os cassinos trouxeram para a região, como o financiamento em construções de igrejas de todos os credos e em assistência sociais, a limpeza dos ladrões, a canalização das prostitutas para os setores comerciais com o objetivo de que elas não ficassem expostas ao público e até o pagamento de passagens para que os jogadores perdedores consigam voltar para suas casas. No primeiro momento chega-se a cogitar que com esse livro o autor tenha a intenção de pagar alguma dívida com os donos de cassinos, mas para combater essa hipótese ele é bem firme:

"Estarei recebendo dinheiro dos magnatas de Las Vegas? Esta não é de forma alguma uma pergunta insultuosa. Toda a história do jogo está cheia de chicanas e de uma duplicidade complexa. A estrutura social está crivada de suborno em todos os níveis. De modo que, em vez de me sentir insultado com tal pergunta, eu, pelo presente documento, faço o juramento de que não estou sendo comprado. Pelo presente afirmo e assevero que estou até devendo uma fortuna em vales aos cassinos, e que todos os níqueis dessa fortuna foram ganhos por eles com honestidade e lisura. Pelo presente, afirmo que não posso mais assinar vales em Las Vegas porque o meu crédito lá não dá para tanto. É verdade que sou devedor deles. Mas o dia em que suspenderam meu crédito e me obrigaram a pagar as fichas com dinheiro foi o dia em que eu finalmente cortei meu hábito de jogar. E, assim, tenho para com eles uma dívida de gratidão. Hei de pagar essa dívida de gratidão tentando mostrar que o jogo de Las Vegas é, em sua maior parte, honesto."

Além de entender como a estrutura dos jogos ocorrem e como os cassinos e os jogadores se aproveitam do sistema organizado numa espécie de simbiose, onde a banca tem que se proteger dos trapaceiros, os jogadores têm que se tratados com lisura e o a forma ética de cobranças por parte dos cassinos de vales não pagos, afinal quando o jogador acumula dívidas em vales de suas apostas, o cassino só pode cobrar as dívidas no estado de Nevada. Se você pretender ir a Las Vegas, esse livro vai lhe dar uma percepção de como ela vive, mesmo que algumas coisas tenham mudado ao longo de quase quatro décadas depois que Puzo escreveu este livro.

"Caso eu vá para o céu, não me venham com anjos aureolados, montados em nuvens brancas como a neve; não, nem com as ardentes huris dos muçulmanos. Arranjem-me de preferência um cassino de paredes vermelhas e luzes brilhantes; que venham demônios com chifres servir de crupiês. Que haja no céu um banqueiro para me conceder um crédito ilimitado. E se houver um Deus misericordioso no nosso Universo, ele ordenará que o jogador tenha uma Margem contra a Casa, por toda a eternidade."

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